Ao encontro do bem-estar - por Adriana Scartaris para a revista Casa & Decoração
Um dos maiores salões de design de toda a Europa, a Maison et Objet, é destino obrigatório para os designers de interiores. O evento acontece duas vezes ao ano – em janeiro e setembro –, no Parque de Exposições de Paris- Nord Villepinte, em Paris. Explorá-lo é respirar a atmosfera atual para entender nossos verdadeiros anseios, analisar novas atitudes e conhecer várias soluções desenvolvidas e apresentadas pelos melhores profissionais e as empresas do segmento.
Observando as instalações e as ambientações apresentadas, tive a certeza de que o tema “Energias”, proposto como inspiração para 2013, estimulou as criações em direção ao bem-estar. É hora de recarregar as baterias, e o design aparece como ferramenta que cria a cena e realiza nossos desejos de aconchego. A onda de otimismo e estímulo ao desligamento das tarefas diárias que tanto nos desgastam norteia a criação e a concepção de espaços com o movimento slow há mais de dez anos.
Entre as peças artesanais, Adriana destaca o lustre feito de lâminas de madeira composta (ecologicamente correta), vergadas de forma escultural. |
A mensagem é cada vez mais clara e mostra a necessidade de ajudar as pessoas a conceber produtos e formas de tornar a vida mais simples, equilibrada e sustentável. Tarefas diárias devem ser realizadas com facilidade e rapidez, porém, sem esgotamento tecnológico. Esse movimento está libertando nossa criatividade, renovando a estética e trazendo correntes alternativas de concepção.
Pude conferir as soluções
apresentadas pelos expositores e trazer exemplos da influência clara das formas
e de materiais da natureza que surgem de maneira muito criativa, mesclando tecnologia
e artesanato em peças inéditas. Muitas criações de iluminação chamaram atenção
pelas propostas inovadoras. Alguns designers apresentaram projetos que
exploram formas alternativas de iluminar, por meio de energia solar, com
materiais fosforescentes e tecnologia OLED (Organic Light Emitting Diode).
Outros optaram por materiais ecologicamente corretos ou sustentáveis e
revestimentos até então aplicados em outros produtos. Descarte de produção de
outros segmentos, como papelão, penas, ossos e plástico, apareceram em várias
criações, assim como belas peças com trabalhos artesanais, como crochê e
patchwork.
A junção de estilos aparece
como receita para
criar espaços com abordagem própria e chique. A ambientação do salão traz
consigo a história do país de origem de cada objeto, tornando o espaço global e
com atmosfera aconchegante. A relação com o objeto é intimista, como se fosse
parte de uma coleção feita ao longo do tempo.
Empresas indianas, como a Paradox, apresentam criações interessantes que misturam traços do design oriental, convivendo com peças inspiradas no clássico europeu. São tons fortes em pintura impecável e humor contemporâneo em detalhes e nos quadros. |
Entre as cores que cada vez mais aparecem no décor, vale destacar a “ African Violet” (PANTONE 16-3520). Tenho visto propostas interessantes, somadas ao tom natural de madeira e fendi, ou propostas mais dramáticas, acompanhadas de pinturas em preto ou grafite. Em ambas, a cor “African Violet” está presente em ambientes pontuados estrategicamente com a cor “Poppy Red” (PANTONE 17-664), um tom quente e intenso, que equilibra os matizes frios.
Como moda e décor caminham juntos, a cor “Poppy Red”, queridinha das coleções de moda para o outono-inverno europeu, também se mostra na decoração em 2014. No Brasil, batizada de “Tangerina”, ela promete iluminar o “bege básico”, que torna os ambientes iguais e pouco reflete a personalidade do morador. Influenciados pelas cores da América Latina, estilistas de grandes marcas colocaram luz em suas coleções. Para nós, brasileiros, isso é um estímulo para criarmos ambientes mais quentes e parecidos conosco.
A forte influência do clássico
chega em peças de estilo, revestimentos e materiais nobres. A proposta foi
repaginada com toques de humor e peças feitas com materiais de descarte, como
restos de madeira, materiais de demolição e itens reaproveitados ou reciclados.
A nova roupagem do luxo traz a consciência ecológica e a valorização de
culturas e peças de família em ambientes que dão importância ao bem-estar e ao
aconchego. Afinal, essas características tornam a casa um verdadeiro ninho para
onde o morador sempre quer voltar.